A sociedade urbana precisa compreender melhor o Brasil que produz, diz Marcos Montes
Os presidentes da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Marcos Montes (PSD-MG), e do Instituto PensarAgro, Ricardo Tomczyk, participaram na manhã desta quinta-feira (14), em Brasília, do II Fórum Brasileiro de Etanol e Milho, promovido pela Aprosoja Mato Grosso e Aprosoja Brasil. O Objetivo do encontro foi o de ampliar a discussão e mostrar para a sociedade, parlamentares e autoridades governamentais que a produção de etanol de cereais é viável e já é uma realidade no país.
Os palestrantes do fórum explicaram que o milho que será usado para produzir etanol é o que sobra, após atender o consumo do país, ou seja, não haverá competição entre a produção destinada a alimentação humana/animal. Neste aspecto, o Estado de Mato Grosso, grande produtor de milho, sairia na frente dos demais estados produtores. Foi lembrado estudo da Aprosoja-MT que comprova a viabilidade do etanol de cereais no Estado, tomando como exemplo uma usina full (que produz etanol somente a partir de cereais).
No evento, Marcos Montes fez referência à emenda do senador José Serra (PSDB-SP), em tramitação no Senado Federal, que permitirá a estados e municípios o uso, como receita, de parte dos depósitos judiciais e administrativos de processos em andamento. Para os defensores dessa proposta, a aprovação do projeto é uma forma de ajudar estados e municípios no equilíbrio financeiro. Segundo Montes, é conveniente debater este assunto para que o setor produtivo não seja prejudicado, acrescentando que votou a favor do ajuste fiscal para salvar o Brasil.
“Aproveito esta oportunidade para dizer que o campo precisa ser mais valorizado, “acreditar no homem do campo que faz o Brasil ser grande, mas, infelizmente, ainda há muita falta de compreensão até mesmo preconceito da sociedade urbana contra o Brasil rural, o Brasil que produz, por isso entendo que precisamos reverter esse entendimento.” Para Montes, tal situação passa pelo fortalecimento do Ministério da Agricultura, elevando-o ao primeiro escalão do Governo Federal, e isso é possível porque o setor produtivo rural é mais exitoso da economia brasileira, onde se colhe as boas notícias.
O deputado Marcos Montes salientou que os parlamentares precisam ser demandados para discutirem temas pertinentes ao setor. “Gosto muito desta discussão e vejo como algo importante para os produtores de milho do país”, afirmou.
O presidente da Aprosoja, Ricardo Tomczyk, acredita que a política pública do Governo Federal de distribuição de combustível precisa ser revista. “Tira a competitividade do etanol, principalmente do feito de milho, que é produzido no interior do país e longe dos mercados consumidores”, afirma. Para ele, uma solução seria a distribuição diretamente no mercado consumidor.
Atualmente, o Brasil tem excedente de 20 milhões de toneladas de milho que são exportados in natura. “Perdemos a oportunidade de agregar valor ao cereal, transformando, por exemplo, em etanol ou em DDGS, que é matéria-prima para ração animal de muita qualidade”, diz Tomczyk. Ele avalia como um contrassenso o País ser exportador do cereal e comprador de gasolina.
“Mato Grosso tem um potencial enorme, sabemos que é viável. Estamos com a faca e o queijo na mão e precisamos levar esta discussão para frente”, disse Glauber Silveira, ex-presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja) e conselheiro consultivo da entidade.
Um dos debatedores, o senador Blairo Maggi (PR), ressaltou que a utilização do milho para combustível não deixa o país desabastecido de alimento. “Há milhares de produtores de milho no Brasil, dos mais diversos tamanhos de propriedades. A oportunidade de trabalhar com este novo produto irá gerar renda e sustentabilidade”, afirmou.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), André Nassar, também acredita que a discussão sobre alimento versus combustível está superada. Segundo ele, o ministério precisa verificar o que é economicamente eficiente para traçar políticas públicas. “Usar a usina de cana é interessante. Também é mais interessante moer (o milho) para fazer etanol do que colocar em rodovia para exportar”, frisou. Para o representante do Mapa, a distribuição direta é uma forma de viabilizar o etanol do milho, mas não é simples.
Clayton Anselmo, representante da CHS (cooperativa norte americana com atuação no Brasil), disse que 75% do mercado de distribuição de combustíveis está concentrado em três empresas. “Temos concentração de mercado na distribuição e fragilidade na produção”, ressalta. A questão tributária também é fundamental de ser discutida, pois o recolhimento é feito pela distribuidora e não pelos postos, então tudo arrecadado com este imposto fica para o estado que consome o combustível, não para o que produz. “Isso explica porque os Estados não incentivam o consumo do etanol hidratado”, argumenta.
Evento – O Fórum de Etanol de Cereais é uma realização da Aprosoja e Aprosoja Brasil, com patrocínio da Novozymes. Também participaram dos debates Sérgio Bortolozzo e Alisson Paolinelli, da Abramilho, Ricardo Santin, da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Antônio Álvaro, da Embrapa Sorgo e Milho, Piero Vicenzo Parini, do Sindalcool-MT, Cassio Iplinsky, Usina Rio Verde, Sérgio Barbieri, da Usimat, Pedro Luiz Fernandes, da Novozymes, Otávio Celidônio, superintendente do Imea.
Com Ascom Aprosoja